Minha mãe querida!

Olá preciosas!
Como estão?
Hoje eu ia contar uma historinha para vocês, com direito a fotinhos e tudo, mas eu esqueci o meu cartão de memória em casa e resolvi falar um pouco da minha mamãe...

Vai ser longo... E nem vai dar pra contar tudo aqui, só vou contar as coisas que mais me marcaram.
Tomara que tenham paciência para ler... Porque vale a pena (eu acho né?rsrs).

Vamos lá!

A minha mãe é uma pessoa maravilhosa (sou muito suspeita para falar dela, eu sei...).
Ela nasceu na cidade de Nova Friburgo, no Rio de Janeiro e foi nessa cidade que ela conheceu meu pai.
Meu pai era marinheiro e ia pra lá sempre (não sei porque meninas, porque lá não tem mar e eu tbm nunca tive curiosidade de perguntar).
Ele era namorador, e ela de família. Se apaixonaram e resolveram se casar.
Ele a tirou de casa, do seu trabalho e da sua cidade. Vieram morar em São Gonçalo e foi um início de casamento feliz. Ela engravidou da minha irmã e meu pai comprou um cachorro (um beagle chamado Tom).
Logo após ter minha irmã, ela ficou grávida mais uma vez...
Como a casa onde moravam era pequena, resolveram se mudar para um casa maior e meu pai comprou outro cachorro (Uma pastor Alemão, chamada Lady).
Tudo foi mais ou menos bem até aí...
Depois que eu nasci, minha mãe ficou muito doente com febre reumática e ficou meses em cima de uma cama...
Sério gente, meu pai não foi muito legal nessa época...
Depois que ela melhorou, começaram a brotar umas feridinhas na pele dela, que coçavam muito (ela estava me amamentando ainda). Tempos depois, ela descobriu que estava com Psoríase, uma doença emocional, causada por estresse. Ela cria feridas no corpo, geralmente nas juntas, mas a doença da minha mãe, criava (cria) feridas no corpo inteiro, desde o couro cabeludo até o dedinho do pé (meninas, o corpo fica tomado por essas feridas em tempo de crise... Além disso, a pele vai soltando e as casquinhas vão caindo pelo chão... É triste de se ver... Atualmente, minha mãe esta nessa fase - o corpo cheio - mas já notei melhoras de uns dias pra cá). Essa doença não tem cura, apenas tratamento, mas por não termos uma situação financeira legal (o tratamento é muito caro), ela mal consegue fazer o tratamento e dói muito quando a escuto chorando baixinho no outro quarto.
Conforme os anos foram passando, meu pai foi aprontando mais e mais... Ele nunca deixou a gente passar por necessidade em casa, mas nós vestíamos roupas dos nossos primos (homens!)... Minha avó (a mãe dele), fazia roupas horrorosas pra gente vestir (Eu tinha pesadelos constante com aquelas roupas, sempre sonhava que meu pé estava crescendo, a mão e etc, coisa de doido mesmo!).
Minha mãe queria comprar mimos pra gente (danone, biscoitos, essas coisas de criança) e meu pai não dava! Para conseguir esse dinheiro, minha mãe limpava a fossa da minha casa e falava para o meu pai que tinha sido outra pessoa (acho que ele não sabe disso até hoje), para que ele pagasse e com esse dinheiro, comprar as coisas pra gente(sério gente, eu me lembro uma noite, estava chovendo muito e ela estava limpando a fossa... Eu olhava da varanda preocupada com ela... Eu só via as baratas saindo... Um horror!!!). Ela também capinava o quintal (o quintal era enorme), lavava e passava roupa pra fora só para ganhar uns míseros trocados... E ela nem gastava com ela.
Por causa da Psoríase, ela sofria muito preconceito. Lembro das vezes que a gente ia a praia, e quando a gente chegava e ela ficava de maiô, as pessoas saíam de perto, falando que ela tinha lepra. Eu perguntava pra minha mãe porque as pessoas faziam isso e ela respondia cheia de amor e carinho que as pessoas estavam achando que ali estava muito quente, e estavam procurando uma sombra... Eu não conseguia entender aquilo! Mas hoje eu entendo... E como ela foi cuidadosa para que a gente não ficasse com raiva das pessoas.

Quando eu tinha 12 anos, véspera de carnaval, meu pai me levou para passear... Me levou a um salão e mandou cortar o meu cabelo... Só as pontas...rs. Nesse meio tempo, conversou comigo, dizendo que ia sair de casa... E eu aceitei muito bem.
No carnaval eu viajei, minha mãe e minha irmã ficaram em casa... Elas desceram (a gente tinha se mudado para um apartamento) para ver o bloco de carnaval e quando voltaram, não tinha mais nada do meu pai em casa... Ele falou comigo que ia embora, mas esqueceu de falar com a minha mãe e minha irmã.
A gente superou bem essa fase... Brigamos muito com o meu pai e passamos por muitos apertos!
Minha mãe procurou emprego, mas não conseguia por causa da psoríase... As pessoas tinham medo...
Ela chorava TODOS os dias! E foi um período muito triste para nós três... Foi sofrido.
Quando eu tinha 14 anos, meu pai parou de pagar a escola e o curso de inglês. Deus foi maravilhoso com a gente. O dono da escola (nosso amigo até hoje), ficou comovido e deixou a gente estudar até a gente terminar, se um dia meu pai pagasse, ótimo, mas se não pagasse, o importante era não interromper os nossos estudos. A dona do curso de inglês nos fez uma proposta: A gente entregava panfletos para ela e ia estudando e quando meu pai pagasse, ela dava a metade como pagamento... E assim foi.
Em um sábado, bem cedo, minha irmã e eu fomos entregar panfletos e só voltamos para casa depois das 12hs. Quando abrimos a porta, minha mãe estava deitada no chão, com o joelho torto. A casa estava toda fora do lugar, uma bagunça! Ela tinha quebrado a rótula do joelho fazendo faxina em casa. Ligamos para o meu pai e ele não pensou duas vezes... Foi correndo socorrer minha mãe.
Eu passei a tarde toda sozinha em casa, tentando arrumar a bagunça e pra piorar, minha irmã chegou em casa a noite passando mal... Tive que cuidar dela.
Minha mãe teve que operar e ficou 6 meses de cama, sem poder andar...
Deus colocou anjos no nosso caminho... Esses anjos ajudavam a fazer a comida, a arrumar a casa e a cuidar dela. Mas na maior parte do tempo, tivemos que passar por isso sozinhas tbm.
Depois de anos, ela teve que tirar o parafuso do joelho... e mais alguns meses na cama... Anos depois, teve que colocar uma prótese e mais algum tempo na cama...
Minha mãe é uma guerreira.

Eu dei muito trabalho pra ela, mas também sou a filha mais carinhosa que ela tem. Todas às vezes que eu chorei, ela chorou comigo... Quando eu sorri, ela estava lá chorando (de felicidade).
Teve um tempo atrás, que ela entrou em depressão... Ela só saía do quarto para ir ao banheiro e raramente comer... Eu trabalhava  e ficava muito preocupada. Até que eu decidi levar a Luna pra casa. A Luna salvou a vida da minha mãe e eu serei eternamente grata a Deus por ter colocado essa ideia na minha cabeça e por ter dado a Luna de presente pra gente.

Minha mãe é muito dedicada as filhas e faz tudo com muito amor.
Lógico que ela tem um milhão de defeitos, mas nunca vou esquecer o que ela fez por mim.
Nunca vou esquecer das vezes que as pessoas desistiam de mim, menos ela!
Nunca vou esquecer as vezes que meu pai falava que eu não tinha futuro porque era rebelde e ela ria, dizendo que ele não conseguia enxergar a filha dele como ela realmente era.
Quando todos desistiram de mim, ela acreditou. Ela foi a única que acreditou!
Eu sou o que sou hoje por causa dela!
Ela é a minha melhor amiga, minha companheira, meu porto seguro.

Meninas, levei um dia inteiro para conseguir escrever esse texto...
Eu tive que parar inúmeras vezes para não chorar...
Porque a história da minha mãe me emociona. Tudo que ela fez por mim me emociona. As coisas que eu escrevi aí em cima (limpar fossa, capinar quintal...) são coisas que eu lembro (minha irmã - que é mais velha - não lembra, acreditam?), ela deve ter feito muito mais do que isso.

Sei que o texto foi enorme e cansativo, mas não poderia deixar de contar pra vocês a mulher maravilhosa que minha mãe é. A total responsável pelo meu caráter...

Mãe, se eu pudesse escolher a minha mãe antes de nascer, eu teria escolhido você!

Obrigada a Deus por me dar a melhor mãe do mundo!

Mamãe e eu S2

 

Aniversário dela no dia 20/10.

 

E assim, fecho essa semana...

Bom final de semana para vocês!

Bjs